sábado, 4 de dezembro de 2010

Profeta do Povo (Luis Adriano Correia)


Queria saber por que o sol
não se põe dentro de mim
por que ele não se vai
não me permite esquecê-lo
sempre queima, só me queima
e me inflama, me convida
me chama, me motiva
a ser sempre e sempre vida.
E pelas estradas sofridas eu vou
Mas sofrendo não vou
Aprendi ser feliz
Porque desde a raiz
É da luta que eu sou.
Comecei a tirar do melaço da cana
Gritos, clamores, Gana
Não podia ser diferente
Fui consagrado à Cana.
Comecei a tirar dos ternos e gravatas
Meus chinelos de couro e minhas “alpercatas”
Conhecimento de mundo, o valor de educar-se
Pra que bem informado, minha fala levasse
Uma boa política e meu povo falasse.
e da cansada espera do meu povo
Consagrado à política eu fui.
Comecei a tirar de rostos lindos e encantados
A força da transformação
Dinâmica inocente, comunhão
De todo tipo de gente
Em favor da libertação
No canto, na dança e poesia
A dramatização de suas vidas
Pondo em minhas mãos os sonhos
De vidas que se anunciam
E Prenunciam a mudança
De suas condições de vida
Mas não se esquecem do início
Das folhas que em sacrifício
Caem das suas ramagens.
E como encantado e encantante
Consagrei-me ao jovens das margens.
Comecei a tirar de uma Igreja que é povo
Meu lugar de fala e a minha missão
Construir novo reino, anunciação
Do cristão oprimido, profeta
Do meu povo escondido, uma seta
Apontando bem longe, lá longe
Um caminho com cheiro chão.
Foi aí que escolhi desde então
E consagrado eu sou padre ou poeta
Do evangelho da libertação.

Parnamirim/RN, 30 de novembro de 2010. Em ocasião do aniversário dos 25 anos de vida sacerdotal do Pe. Antônio Murilo de Paiva.

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