domingo, 31 de outubro de 2010

Poesia à flor da pele de um sonhador (Luis Adriano Correia)


Ando tão à flor da pele
Que a poesia que escrevo não é mais de amor
É política que lateja nas veias
Nas veias de um sonhador.

Ando tão á flor da pele
Que o sonho que eu tinha agora é real
E os sonhos de luta de um povo pequeno
Se faz grande presença num país imenso.

Ando tão à flor da pele
Que mesmo não gritando, que é minha vontade
Meu grito ressoa, e na rede se espalha
Em verso e poesia pro povo que espera
Que espera de mim tão imensa alegria.

Ando tão à flor da pele
Que as milhões de balas em mim atiradas
Miraram nos sonhos
Miraram nas lutas
Miraram nas faces marcadas
Mas acertaram meu corpo
Apenas meu corpo
Que mesmo ferido por pólvora quente
Que em mais que uma metáfora
Queimaram minha mente
Durante alguns meses que antecederam minha glória.

Ando tão à flor da pele
Que beijos de novela, tão neoliberais
Não me fazem mais chorar
Mas um tiro certeiro no capitalismo
Ou ferida aberta no socialismo
Fazem gotas de sonhos escorrerem
Na face da bandeira que pintada em meu rosto
Espera um dia ser hasteada nos mastros escondidos
Enterrados nas mentes e corações juvenis
Que castrados não conseguem
Sequer dar um passo
Que dirá dessem dois
Pois todos já sabemos sempre quem vem “antes”
Impedindo meu grito e minha luta
Tentando assassinar meu “depois”.

IMPORTANTE: Escrito depois de vivenciar um dia intenso de expectativa e a aflita apuração dos votos do 2º turno de 2010, para então eleger a primeira presidente mulher do Brasil, e compartilhando momentos preciosos da vida com companheiros de todo o Brasil e América Latina, nas redes sociais da internet...

Ibiratinga, 31 de Outubro de 2010 ás 20h00min

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Olhos abertos, tenho! Pernambucano Sou!


Sou aquele pernambucano arretado
que sobe as ladeiras da sé
sou aquele menino danado
que descalço corre
sem nada no pé.

Sou o rei que tem passo apressado
no maracatu das paixões
sou então, folião arretado
integrante de todas nações.

sou o som que ressoa vibrante
que no pátio do terço se espalha
sou dos mil afoxés encantantes
e do público que se malha.

Sou dos becos do Recife Antigo
Da galera que anda a pé
Lá pela rua da Moeda
Sou mais um que sabe o que quer.

Sou quem sabe o que tem por trás
das pontes no meio da cidade
sou das gentes do meio do mangue
sou o vento, não tenho idade.
Na cidade do passo apressado
Do frevo e das coisas belas
uma valsa triste ressoa
e de pessoa em pessoa
parece que a vida não passa
a dignidade não passa
oportunidade não passa
e o bloco da vida animado
nada mais é que desgraça.

Escrito na madrugada de 21 de Outubro de 2010. Após uma provocação de quem sou eu pelo msn...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Passa, passa-tempo (Luis Adriano Correia)


Passa tempo
Dia, hora
e num segundo
vai-se embora.

Passa-tempo
Tabuada
Já não aguento
Não sei de nada.

Passa tempo
Na poeira
E vou jogando
Capoeira.

Passa tempo
Estudando
Conhecendo o mundo
E também contando.

Passa o tempo
A favor
O menino aprendeu
e com amor.

Passa o tempo
O menino é homem
E já tá com saudade
Do tempo que passa
e fazendo pirraça
Pareceu que foi ontem.

Escrito na primavera de 2010. 7 de outrubro.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Mística da Chegada (Luis Adriano Correia)

Dedico esta poesia a Arleth, uma militante "danada de boa" da Pastoral da Juventude no estado do Pará. Muitos me inspiraram em seu advento mas com certeza ela me inspirou em grande parte, e quero nela contemplar outros companheiros militantes das Pastorais de Juventude do Brasil.

E vem chegando meu povo
De todas as partes e jeitos
Chegam beirando a lagoa
Chegam sem preconceitos.
Chegam querendo ser gente
Chegam sem mistificar
Chegam dizendo o que sentem
Com um brilho perfeito no olhar.
Chegam com os pés de poeira
Poeira vermelha do chão
Da terra que dá o sustento
De toda a população.
Chegam com passo apressado
E o relógio marcando o horário
Chegam pensando a vida
E a vida passando ao contrário.
Chegam de dentro das matas
Chegam dos centros urbanos
Chegam das artes e ruas
Do ser latinoamericano.
Do amor de quem ama seu povo
Do amor de quem ama sementes
Da vida tirada o sopro
O sopro de vida é das gentes.
Que rendo que a vida negada
Se torne em vida mais vivida
Transforme o clamor inocente
Em mais que possíveis saídas.
Não quero meu povo iludido
Sem rumo e com falsas conversas
sofrendo opressões diversas
Comendo calado e "FUDIDO".

Escrito na noite quente de primavera do dia 05 de outubro de 2010.

Complexos do ser amante (Luis Adriano Correia)


Penumbra cintilante

Talvez seja claro do dia

Quem sabe?

Quem repudia?

O que se tem ou terá!


O dorso entrelaçado

A pele pouco coberta

O amor de quem não se encanta

Por que sei que não se entrega.


O olhar no espaço perdido

O beijo não esquecido

O ensejo, o mau-entendido

O sentimento nunca sentido.


O que me parece ser

De mais fácil compreensão

É a chave, é o segredo

De quem quer ser iludido

E sobra-lhe a ilusão

Como parte do pagamento

Do que se quer ser ou não.


Madrugada do dia 03 de outubro de 2010.

Soneto da Perstistência (Luis Adriano Correia)


O que dizer quando quero gritar?
O que fazer quando se quer estar?
O que não temer quando se quer matar?

Eu te digo
Eu te explico
Eu indago.

No âmago de um ser amante
Não existe coisa mais profunda
Não existe o que se oriunda
De dentro de um corpo gritante.


Não se quer nada a não ser estar
Não se quer nada a não ser querer
Não se quer nada a não ser poder
Bem perto e mais perto de ti estar.



Dedicado aos amores que necessitam de altas doses de persistência.


Escrito na madrugada do dia 03 de outubro de 2010 às 1:40h

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Corrido (Antonio Aguilaer)

Esta música conta a história de Gabino Barreras e se repete na vida de Jacinto Salgado trujillo, uma história interessante, marcada por fortes emoções de um homem que gostava de viver sua vida intensamente e ter a companhia de muitas mulheres. Na foto abaixo está Jacinto Salgado Trujillo.



Gabino Barrera no entendía razones
andando en la borrachera
cargaba pistola con seis cargadores
le daba gusto a cualquiera.


Usaba el bigote en cuadro abultado
su paño al cuello enredado
calzones de mata, chamarra de cuero
traía colteado el sombrero.

Sus pies campesinos usaban huaraches
y a veces a raiz andaba
pero le gustaba pagar los mariachis
la plata no le importaba.

Con una botella de caña en la mano
gritaba ¡Viva Zapata!
porque era ranchero el indio suriano
era hijo de buena mata.

Era alto, bien dado, muy ancho de espadas
su rostro mal encachado
su negra mirada un aire le daba
al buitre de la montañas.


Gabino Barrera dejaba mujeres
con hijos por donde quiera
por eso en los pueblos donde se paseaba
se la tenían sentenciada.


Recuero la noche que lo asesinaron
venía de ver a su amada
dieciocho descargas de Máuser sonaron
sin darle tiempo de nada.


Gabino Barrera murió como mueren
los hombres que son bragados
por una morena perdió como pierden
los gallos en los tapados.