segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Corte da Cana (Luis Adriano Correia)


Corta-me o corte da cana
Que não só a pele corta
Mas corta o coração de quem ama.
Corta-me o profundo descaso
Que não só a educação corta
Mas corta o prazer do acaso.
Corta-me a tirania amiúde
Que não só o poder da escolha corta
Mas corta o direito à saúde.
Corta-me a diária rotina
Que durante seis meses me corta
Mas não há de cortar minha sina.
Corta-me o jovem da cidade
Que não só o seu direito corta
Mas também perde a oportunidade.

“Quem dera meu Deus, eu pudesse
Ter tudo isso antigamente
Quem sabe talvez não sentisse
As dores que hoje se sente”.

Soneto de Incertezas (Luis Adriano Correia)

Chove lá fora...
E eu continuo aqui,
Desbravando-me profundamente.

Na incerteza do que representa cada gota que cai
Se elas trazem pureza para minha vida tão íngreme
Ou se são simples lágrimas que o fino papel atrai.

A pureza de uma vida sem sentido
Ou a insanidade de uma vida de riscos?
A genialidade de uma sociedade perfeita
Ou a simplicidade de quem não vive a espreita?

São tantos dilemas, tantas situações
E enquanto a vida passa. Poemas... Canções...
Casos mal resolvidos poderiam ser vividos
Com o mínimo de frustrações.

Verde-Cana (Luis Adriano Correia)


Verde que te quero verde
Apesar do teu verde-cana
De onde brota um fio de esperança
Da rotina constante em seis meses.

Verde que se manifesta
És o meu sacrifício diário
Vou cumprindo meu itinerário
Porque barriga cheia é festa.

Verde que te vejo “cana”
Que só um ou outro enriquece
No inverno tu não me aqueces
No verão, chegas tu e me enganas.

Verde que cobre minha vista
Ao tentar ver a vida passar
E eu ainda aqui a esperar
Os “bons-tempos”, antes que eu desista.

A Arte da Loucura (Luis Adriano Correia)

Sanidade, sanidade
O que tu és pra minha vida
A não ser toda corrente
Que aprisiona este inocente
Que não tem outra saída.

Sanidade, sanidade
És minha cruel carcereira
Porque não me deixas livre
Pois só é feliz quem vive
Toda emoção por inteira.

Sanidade, sanidade
Que me faz coadjuvante
Deixe que o mundo assista
Mas, deixe-me ser protagonista
E seguir essa história adiante.

Sanidade, sanidade
És quem segura minhas rédeas
Quando até sem perceber
Chego a também me exceder
E tu me lembras das regras.

Sanidade, sanidade
Pra alguns és até “ditadura”
Guarde suas regras pra si
Pois o que seria de tiSem o sabor da loucura?

A Arte de Superar-se (Luis Adriano Correia)

O jogo da vida
E o tom da canção
Estão mais ligados
Que a própria imaginação.

No auge das nossas vidas
Prendemo-nos a futilidades
Que não nos deixam ser
Seres humanos de verdade.

A nossa capacidade de inovar
Vai além das expectativas
Daqueles que simplesmente
Não tomam iniciativa.

O maior combustível para a vida
Não está nas veias ou no coração
Está na infinita capacidade
De alcançar o dom da superação.

E a juventude dançou! (Luis Adriano Correia)

Eu vou contar uma história
Da juventude sim senhor!
O jovem faltou na escola
E quando foi não estudou.

Por ter faltado na escola
O jovem não se preparou
E o mercado de trabalho
Pra esse jovem se fechou!

Esse jovem despreparado
Também não se interessou
Em escolher um candidato
Que pelo povo trabalhou

Nos movimentos sociais
Ele também não se engajou
Faltou coragem para a luta
Mais uma vez ele dançou!

Mas dessa vez não foi sozinho
Que ele se prejudicou
E no final o que é que deu?
Toda a juventude dançou!!!

E a juventude dançou por quê?
Porque não se organizou!!!

Angústia (Luis Adriano Correia)

Dia após dia
Sinto-me assim, desse jeito
Igual a um ser solitário
Revendo os meus conceitos.

Vivendo em desespero
Entrando em depressão
Pagando até por um preço
Do qual não tenho recordação.

Sei lá se ainda tenho culpa
Que se dane o maldito cartório
Arranjem-me uma desculpa
Ou fato contraditório.

Espero que isso termine
Que seja bem passageiro
Pra ter novamente em meus lábios
O doce sabor dos teus beijos!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Amigos (Luis Adriano Correia)

Em todos os momentos da vida
Esperamos ter tranqüilidade
E amigos que nos convidam
A curtir com felicidade.

Parceiros pra vida inteira
Irmãos verdadeiramente
Que nos momentos difíceis
Acolhem-nos de corpo e mente.

Escutam nossos segredos
E sempre nos falam com calma
Que não devemos ter medo
Das coisas que vêm da alma.

Em toda a nossa existência
Eis a definição de “amigos”
São como anjos da guarda
Enviados por Jesus Cristo.

Saudades (Luis Adriano Correia)

Meus dias são tristes
Se você está longe
Tornam-se assim frios
Como extremas noites de inverno
Que provocam-me arrepios.

Dias inacabados
De tolas conversas
Que se perduram
E me seguram longe de ti.

Quero te ver, te ter, te amar...
Mesmo correndo riscos
De tudo desmoronar.

Mas nunca desisto
Só por um motivo
Motivo esse tão grande
Que me impulsiona
A lutar contra tudo.

Talvez seja loucura
Lutar contra tal dor
Por um motivo imenso
Que tanto nos dá calor
Mas um calor tão intenso
Quanto é o fogo do amor.

Cidadão de Rua (Luis Adriano Correia)

Vi um menino na rua
Deitado num banco da praça
Numa noite fria de lua
Esperando de Deus uma graça.

Vi um menino na escola
Cuidando da educação
Deixou de viver de esmola
E decidiu se tornar cidadão.

Retorno na Aurora (Luis Adriano Correia)

Estava sentado à beira-mar
Observando o ritmo das marés
Onde vi que um ser exuberante
Aproximava-se,
Com muita leveza em seus pés.

Foi o brilho de seu olhar
Que me ofuscou!
Foram seus cabelos
Que me laçaram!
Foi a sua boca
Que me enlouqueceu!
Foram seus contornos
Que me fizeram viajar.

Tinha o sol como iluminação
Tinha o céu como cenário
O mar como grande palco
E na areia, pura sedução.

Do mesmo jeito que veio
Num mistério foi-se embora
Deixando-me na espera
De seu retorno na aurora.

Menor Abandonado (Luis Adriano Correia)

Sinto-me fraco
Diante dos meus anseios
Que tornam-me frustrado
Por tanto temer os desejos.

Olho em meio à multidão
Vejo você!
Sinto você!
Nada mais que você!

Pois é difícil entender
Ainda méis explicar
Que os verdadeiros sentimentos
Tudo podem superar.

Fui jogado na sarjeta
Como qualquer abandonado
Que nem sequer pudera
Estar ele apaixonado.

Soneto de Confusão (Luis Adriano Correia)

Algo oculto
Soa misteriosamente
Em meu pensamento...

Dá voltas no meu interior
Vaga por toda a minha alma
Confunde-me, vai embora
E retorna com muita calma.

Não sei,
Fico atordoado
Não consigo raciocinar direito.

Sinto-me como um louco
Trancado num lugar escuro
Dentro de uma prisão sem muro
Sonhando em se ver solto.

Eclipse de Paixão (Luis Adriano Correia)

Muitas vezes nos destruímos
Pelo que o tempo nos causa
Pelo que não conseguimos
Ou por uma paixão que arrasa.

Mentimos para nós mesmos
Enganamos a consciência
Com plena saudade dos beijos
Causados pela eloqüência.

Mas pra quê tanto lamento?
Pra que tanta solidão?
Só é coisa de momento
Um eclipse de paixão.

Luar de Amor (Luis Adriano Correia)

Seu olhar penetrante
Atravessa minh’alma
Me acerta num instante
Quando a noite está calma.

E reacende em mim
O fogo da eterna paixão
Entrelaçando-nos assim
Nos lençóis da emoção.

Toda vez que a noite cai
Encontramos-nos outra vez
Nosso caso nos atrai
Deixando ao lado a timidez.

A paixão sempre nos acerta
Pois o amor está no ar
Porque também sou um poeta
Apaixonado pelo luar.

Absurdo (Luis Adriano Correia - Aos 12 anos)

Abrir os olhos e não ver
Tocar e não sentir
Tentar e não conseguir
Roubar um beijo de teus lábios.

É o verdadeiro absurdo
Sem teu amor minha amada
Fico louco e mais do que tudo
Morrerei, e de mim...
... Não restará nada!

Estações da Alma (Luis Adriano Correia)

Ao nascer, transcender
Ao andar, impressionar
Emoção ao falar
Desafio no aprender.

Ao crescer, tropeçar
Auto-estima a criar
Resta apenas saber
O valor de sonhar.

Singeleza ao sorrir
Descobrir o “amar”
E no rosto sentir
Vento leve ao soprar.

Veio o outono, o inverno
A primavera e o verão
Veio a utopia, mas, o coração
Sempre estará aquecido
Mesmo que incompreendido
Seja em qualquer estação!

No embalo do teu sono (Luis Adriano Correia)


No embalo do meu sonho
Te vi nascer e ser amado
Ser tão pequeno em nossos braços
Dando sabor às nossas vidas.

No embalo da tua vida
Vejo-te apenas inocente
Um sereno ser contente
Que ao sorrir nos contagia.

No embalo de tuas farras
Vejo este mundo de ponta à cabeça
E hoje te digo antes que eu esqueça
- Como é tão bom fazer tanta algazarra.

No embalo das traquinagens
Vejo-te simplesmente criança
Descobrindo, aprendendo, criando a esperança
Escapando por pouco daquelas palmadas.

No embalo de minha vida
Fico com medo do que virá no futuro
Ao te ver crescendo, até ficar maduro
E esquecer esse tempo em que fomos felizes.

E agora ao te olhar atentamente suponho
Que tranqüilo estás a embalar teus sonhos
E eu aqui a recostar tua cabeça
Aconchegando-te no embalo do teu sono.

(Ao meu sobrinho e afilhado Luis Ricardo Correia da Silva - Lulinha)

A Arte de Acreditar (Luis Adriano Correia)

Eu acredito...
Na arte de ser, crescer, viver...
No balanço do ter ou não ter
E mais do que tudo, no prazer.
Não somente com olhar leviano
Mas na tradução do singelo: Eu ou Você!
Acredito até que um dia
A pureza e a eterna alegria
Chegarão até onde ou talvez
Os meus olhos ainda possam os ver.
Acredito na humanidade
Na família, e até na igualdade
Onde o brilho da corrupção
Seja ofuscado num forte clarão
E se esconda ao chegar à verdade.

Sedento de Sonhos (Luis Adriano Correia)

A triste rotina daqueles que vivem a espreita
Daqueles que estão fadados a viver de sobras
Não se resume a uma mera imagem estática
Vista com os olhos de vidro de um sistema opressor
Recheado de personalidades suspeitas.

O orgulho daqueles que a riqueza de espírito
Vai além de qualquer posição social
É possuir um coração contrito
É a maneira de proclamar o não dito
É ter a certeza de que o trivial
Não mata a sede dos sonhos
Que nestes versos recito.

A motivação quase que inconsciente
Dessa massa que se desdobra
Que não foge ao chegar à prova
É saber ser capaz de sentir
Ou talvez até de admitir
Que sem sonhos não se chega a hora.

Procura-se (Luis Adriano Correia)

Tradução do Inglês: Failed/Fracassado
Neste céu azul de estrelas púrpuras
Que vigiam cuidadosamente este solo sagrado
Que mais parece espreitar o cotidiano.

Ouvem-se vozes vindas de onde não sei
Que se propagam envaidecidamente
Numa rotina intensa e duradoura.

Correm décadas, anos e meses
Correm mais dias, mais horas, minutos
E onde está o auge da cena, a emoção.

Procura-se por talento. E o mesmo onde está?
Procura-se protagonismo. E o mesmo de onde vem?
Procura-se pela intensidade contida nas mãos
De quem por não se libertar do comodismo
Em grades de egoísmo, os mantém!

Desabafo (Luis Adriano Correia)

O despertar de um sentimento
Não depende do ser
Mas do momento.

Chegar a plena felicidade
Não é sinônimo de possuir tudo
Mas ter o suficiente
Pra carregar no corpo, na mente
O que dá sentido a seu mundo.

Momentos inesquecíveis
Não acontecem no plano
No acaso, no oceano
Podem tornar-se possíveis.

Amar é algo relativo
Jamais ninguém ousou julgar
Seja aqui ou em qualquer lugar
Por este ou aquele motivo
Há sempre tempo pra recomeçar.

(Dedicado aos grandes amores de sol e de lua)

Faces de um professor (Luis Adriano Correia)

Peço licença meu povo
Pra uma história lhes contar
Mesmo um tanto quanto sofrida
Não posso deixar de falar.

Reza a lenda que educar
É a mais bonita profissão
Mas tome cuidado amigo
Preste muita atenção.

Professor compreensivo
Ensina tudo e é educado
Para o bom aluno um incentivo
Melhorando o aprendizado.

Mas para o desinteressado
O coitado é um mamão
Jogar bola de papel
Até parece profissão.

Professor muito exigente
É também pesquisador
Mete medo nos alunos
Mas no fundo é bom ator.

Toda essa linha dura
Faz crescer o interesse
Tenho certeza que um dia
Você já passou por esse.

Professor “Tô nem aí”
É o que devemos temer
Não reprova, nem avalia
Mas quem sai perdendo é você!!!

Concretizar é preciso! (Luis Adriano Correia)

Respeitar todo tipo de arte
Apoiar novas iniciativas
Zagueiro que faz bem sua parte
Impede jogadas furtivas
Limite do artista é o céu
A arte já corre no sangue
Está no segredo, o mel
Dando sabor ao que antes
Idéia abstrata que era, chegar enfim ao papel.

P.S.:Lendo as primeiras letras de cada verso de baixo pra cima está a palavra que sintetiza a idéia da poesia: IDEALIZAR.

Gratidão (Luis Adriano Correia)

A constante egocentricidade
Nos impede enxergar mais além
Além de nossa cumplicidade
Com efeitos de moralidade
De pessoas que hoje também
Queimam tudo na fogueira das vaidades.

A vivência me trouxe aqui
Onde muitos ainda sonham chegar
Mesmo sabendo que perto daqui
Outros tantos ainda sonham partir
No momento prefiro esperar.

A certeza de estar com a vitória
Cabe aqueles que perseveram
Pra ter seu momento de glória
Resgate da sua memória
Aqueles que contigo estiveram.

Das Mãos do Criador (Luis Adriano Correia)

Das mãos do criador
Nasceram todas criaturas
Nasceram pra ser sem agruras
Uma grande família de paz.

O homem apesar de intelecto
Em relação aos demais seres
Criou condições e poderes
Comparando gente com objeto.

Dizer que o pobre não tem valor
Que a mulher não tem direitos
E com o negro ter preconceito
Não é uma atitude de amor.

Caindo-nos sobre a consciência
O peso da ignorância constante
Que nos faz pensar todo instante
Em como agir com sapiência.

Sem paz não existe amor
Digo e repito sem medo
Pois já não é mais segredo
O homem contrariar o criador.

Beleza da cor? Reflexos de dor! (Luis Adriano Correia)

Me dá prazer ao ver
Sentir, me ater
Suar e tremer
Envolvido na dança.
Da congada a frevança
Minha paixão me lança
E não perco a esperança
De voltar a te ver.

No calor do gingado
O teu corpo suado
E o meu entrelaçado
Em tua negra pele.
Meu instinto repele
Que a dor não celebre
Só o amor se revele
Nesse fogo cruzado.

Do suor à poeira
Desta morte à beira
Ginga de capoeira
Nos renova os ares
No sertão ou nos mares
Dentre tantos olhares
É zumbi dos Palmares
Forte que nem madeira.

A beleza da cor
Não reflete a dor
A ferida, o clamor
Desse povo sofrido
Escutar o gemido
Atender a um pedido
Até hoje...
Só será permitido
A quem faz por amor!

Das senzalas às periferias (Luis Adriano Correia)

Resistência, luta, ardor
Suor, magia e dança
Fazendo brotar a esperança
Nas terras do nosso Brasil.

O prazer, o trabalho, o amor
A cultura diversificada
No seio da nossa congada
Escondemos uma face hostil.

Nosso Deus e o nosso clamor
Nossas lutas estão na história
Na beleza da nossa memória
Tanta dor que me fez varonil.

Hoje existem tantas senzalas
Espalhadas nos centros urbanos
Pelas periferias, nos campos
Diferença aqui nunca se viu.

Eu queria era só entender
Se hoje temos até alforria
Abolição sem autonomia
Liberdade alguém descobriu?

A quimera tem que acontecer
Nosso sonho vai muito além disso
É ver negro, branco ou mestiço
Juntando-se aos mais de mil...

... Assim deve ser o Brasil!

Adolescer (Luis Adriano Correia)

Viver a vida intensamente
Como uma paixão enlouquecente
Aproveitar cada segundo
Como se fosse o último
E não achar suficiente.

Ainda há (Luis Adriano Correia)

Acampamento da PJMP da Diocese dos Palmares 2008 - S. José da Coroa Grande/PE
Ainda há...
Tanto sangue a ser derramado
Bem no meio de um solo sagrado
Onde a vida custa a viver.

Ainda há...
Tantos pobres sendo massacrados
Por um sistema opressor massificado
Que custa a enfraquecer.

Ainda há...
Tantos rostos sedentos de vida
Vida esta pisada, ferida
Esperando a paz florescer.

Ainda há...
Tantas guerras beirando a estrada
Esperando somente a alvorada
Pra matança vir a acontecer.

Ainda há...
Tantas matas desaparecendo
E nos rios os peixes morrendo
Tudo pela ganância e poder.

Ainda há...
Tantos jovens sem perspectivas
Precisando das iniciativas
E o governo investindo em quê?

Mas mesmo assim!

Ainda há...
Tantos professores competentes
Motivados, dinâmicos, docentes
Preocupando-se sempre em saber.

Ainda há...
Tantos movimentos sociais
Derrubando cadeias imorais
E o sistema insistindo em deter.

Ainda há...
Tantas ONG’s defendendo a vida
Tantos sonhos de ambientalistas
Fazendo este esforço valer.

Ainda há...
Tantos pobres se organizando
Nos sindicatos de articulando
Pra não ter que o futuro temer.

Ainda há...
Tantos jovens se comprometendo
Só da fé e da luta vivendo
Respirando PJMP.

Canto à liberdade (Luis Adriano Correia)

Serra da Barriga - União dos Palmares/AL
Esquentam os tambores em canção
São os negros que festejam com alegria
Eles cantam, se balançam noite e dia
Em louvores ao Deus da libertação.

Expressando em suas vestes coloridas
O vigor de uma raça de coragem
Que enfrentou mar inteiro de viagem
Pra deixarem de ser donos de suas vidas.

Hoje o canto que soa pela liberdade
Antes era mais que um canto, um clamor
Pela vida, pela terra, pelo amor
Eram preces para a sua divindade.

O valor de uma cultura de expressão
Desde então, é que passamos a entender
Dentro de sua mística, o poder
Da senzala, o sofrimento em canção.

Sou da Roça (Luis Adriano)

Eu sou roceiro
Sou da roça
Capinar é minha sina
Limpo mato
Que até coça
Meu trabalho me ensina.

Eu sou menino
Sou moleque
De brincar nunca me canso
Mas sou do campo
Das vertentes
Sendo assim nunca descanso!

Soneto do Amanhã (Luis Adriano)

Os apelos por sobrevivência
Instigam-nos a pura eloqüência
Em um mundo que hoje só preza
Riquezas e nunca sapiência.

A real influência midiática
Envolve-nos cotidianamente
Num processo contínuo e eficaz...

Amanhã quem sabe seremos
Melhores do que somos hoje!
Mas, será que seremos mesmo?

São dessas idas e voltas
Dessas imposições, revoltas
Que a humanidade evolui
Trazendo consigo lições das derrotas.

Apelo aos poderes (Luis Adriano)

Em tempos de turbulência
A politização se faz urgente
Para que haja na nossa gente
Mais vigor e inteligência.

A luta pelo poder da escolha
Requer uma sociedade atuante
Para participar do que antes
Prendia-se em uma bolha.

Mudar é cada vez mais necessário
Transformar, meu Deus! Mais ainda.
Pra não voltarmos à berlinda
Das discussões sobre salários.

Educar é preciso! Reivindicar também!
Para o crescimento positivo
Precisamos de incentivo
Pelos séculos sem fim. Amém!