quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Dialética do Orgasmo (Luis Adriano Correia)


A vida é uma busca itinerante por orgasmos
A cada vez que sinto novas sensações
Busco dar sentido a antigas emoções
É simplesmente por isso que afirmo:
O orgasmo é o principal objetivo de qualquer indivíduo.

Encontramos sim a felicidade
Nesses pequenos intervalos de tempo
Em que os orgasmos nos permitem
Coletar significantes amostras de bons momentos
Em diversos contextos multifacetados.

Acredito que a realização pessoal
Perpassa por intensos e seqüenciados orgasmos
E como seres inacabados que somos
Ousamos dizer que nunca alcançamos esta.

E sempre acreditamos que ainda somos capazes
De potencializar esses intervalos extasiados.

Por isso goze, mas, goze sempre!
Por vários intervalos e constantemente
Pois a felicidade por mim entendida
É aquela que é construída
Enveredando-se à liberdade
Apoiada em bons valores
E fundada na responsabilidade.


Caruaru, 24 de outubro de 2009.

Poesia Popular Brasileira (Luis Adriano Correia)


É de povo
É de chão,
É memória, talvez tradição.
O que importa isso agora?
Se no sim ou no não
Toda essa gente acaba sofrendo
Entregue a todo tipo de humilhação.

É de terra
É de sangue
O poder capital.
De que vale lutar?
Senão pelo ideal?

A massa que massacra
É mais massinha do que massa
É tão dura de modelar
Mas tão boa em fazer graça.
Nem se importa com a gente
Que somos de fato a massa
A massa da sociedade
Prevendo toda desgraça
Mas nunca deixa de lutar
E quando luta é com raça.

É de amor
É de sonho
É de pão e de lar.
É de um povo festeiro
Povo tão brasileiro
Que se alegra em cantar
Com amor verdadeiro
O seu hino entoar
Vislumbrando o futuro
De um país mais seguro
Um Brasil Popular.

Ibiratinga, às 01h45 do dia 19 de novembro de 2009.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Crise Romântica em Tempos Pós modernos


Certa madrugada de verão, estava eu de roupas leves e chinelos nos pés, com os olhos vidrados na tela do notebook e os pensamentos lá onde a fertilidade das relações poderia instigar-me a pensar nas possibilidades que uma era pós moderna poderia apresentar-me diante de tantos frascos de uma mesma essência: O Amor.
Pensava em como uma mesma pessoa poderia viver ao lado de duas pessoas e amá-las intensamente sem supervalorizar qualquer uma delas, por isso hoje me considero profundo admirador de Aline.
Para gerações anteriores, amar significava ter que passar por vários momentos depressivos, de dor, angústia, traição, raiva para que quando se chegasse aos 50 anos de casamento dizer com aquele ar de vitória “Estão vendo o quanto nos amamos”, não quero dizer aqui que devem ser retiradas todas as pedras do caminho para que o amor entre seres desfile num tapete de rosas vermelhas cintilando felicidade, mas digo, não preciso sofrer excessivamente para provar que vivi com uma pessoa, longos e árduos anos esfregando na cara de espectadores hipócritas uma pseudo-felicidade. Prefiro hoje, libertar-me das regras elaboradas pelas felizes donas de casa dos anos 20, e enveredar por um estilo alternativo porém autêntico, no qual eu possa viver o que quero viver, da maneira que quero viver, com as mesmas responsabilidades que são atribuídas aos lindos casais que optam pelo estilo tradicional de amar, sem perder a dignidade conquistada pelo simples fato de ser gente.
Será que se um dia eu optar por ter um filho, terei que trazer junto no pacote um casamento? Será que eu não o amaria, educaria, transmitiria valores morais e éticos dentro de uma perspectiva liberal fundada no direito da escolha? Eu sinceramente gostaria de saber se essa atitude seria encarada com tranqüilidade há alguns anos atrás. Hoje eu posso afirmar com clareza, a palavra amor toma uma dimensão muito mais abrangente do que uma relação conjugal, cuja estrutura segue o modelo da família perfeita.
Acho muito engraçado quando as minhas tias-avós se reúnem (muitas vezes na casa da minha própria avó), e ficam o tempo todo falando das peripécias que elas precisavam passar pra poder pegar na mão ou até mesmo trocar uma palavra com o rapaz que achavam interessante, o mais engraçado ainda é que na mesma época casavam-se adolescentes quase crianças e tinham pra lá de doze filhos. Agradeço imensamente à minha avó que dentre os dezenove que teve durante os seus três casamentos gerou a minha mãe e assim pude ter a chance de escrever essas loucuras que me passam agora.
Hoje temos muitas adolescentes que engravidam por descuido sim, mas temos também em larga escala gente que reflete o relacionamento gente que não sabe nem como paquerar em meio à tantas possibilidades de se conhecer alguém, sem falar na infinitude de sites de relacionamento à espera de cadastros e mais cadastros de gente que quer conhecer gente, daí vem a crítica da geração do “em frente ao portão” dizendo que essa geração vive num mundo que não existe, num mundo virtual, mal sabem eles que dentre todas as pessoas com as quais teclamos (que nem se comparam com o número de pessoas que eles conheceram no portão ou depois da missa na praça da igreja), 50% nós já conhecemos pessoalmente, 40% pretendemos conhecer, e 10% já estão bloqueados porque são chatos. E afirmo ainda que os assuntos são dos mais variados gêneros (desde assuntos de trabalho a tarefas escolares) e não só paquera e promiscuidade estão na lista.
É muito estranho pra você ouvir alguém dizer que está absolutamente apaixonado por alguém que conheceu na internet e nem a conhece pessoalmente ainda? Então a coisa é mais séria do que eu imaginava, amar de maneira platônica a outra pessoa não é uma característica dessa geração, apenas sofreram algumas adaptações ao longo dos anos. Adaptações estas que permitem ser cultivadas boas relações de afeto a pessoas que vivem isoladas do convívio social, todo mundo gosta de uma boa conversa com alguém mesmo que este alguém não esteja em sua frente (o que por muitas vezes facilita o desabafo, ou vai dizer que nunca desabafou?).
Eu diria que devem ser consideradas quaisquer manifestação de afeto, seja como for, de que maneira for, desde que haja responsabilidade em todas as etapas e a participação integral do AMOR.


Prof. Luis Adriano Correia da Silva
Ibiratinga, 13 de novembro de 2009.

Negra Amália (Luis Adriano Correia)


As virtudes da negra Amália
São difíceis de contar
Nunca vi em toda vida
Tanto gosto em trabalhar.

Eita! Que nega teimosa
Vive de um lado pro outro
Em busca de melhorias
Em busca de um mundo novo.

Não é de se admirar
A força dessa danada
Que luta pelos direitos
De toda essa criançada.

Luta em defesa da vida
Luta e garante seu pão
Luta e constrói sua vida
Traçando com as próprias mãos.
Mãos estas que estão na massa
Fazendo essa massa mexer
Na massa sociedade
Que tenta a interromper.
( São José da Coroa Grande, 08 de setembro de 2009.)