sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ladrilhos Mudos (Luis Adriano Correia)



Dos cantos por onde passei
Canta-se um canto em cada um
Cantam-se vários cantos sem intenção.

Dos ladrilhos nos quais pisei
Pisa-se um piso que é gente, que na recíproca
Pisam sistemas sem medo.

A sonoridade dos cantos
Não expressam as cores dos ladrilhos.
A firmeza dos ladrilhos
Não servem pra segurança dos que os pisam.

Ladeiras ladrilhadas
Canções mudas
Meninos ladrilhados
Ladrilhos Mudos.

Salvador, madrugada de 23 de maio de 2011.

Cenário: Escrito inspirado no emudecimento das gentes, principalmente dos meninos do pelô. Emudecidos, sem voz diante de suas realidades. Pisados como os ladrilhos históricos das ruas do Pelourinho.

Partilhas

"Gostei muito da poesia postada no Blog. A poesia me fez refletir sobre a coesão, a escravidão do povo negro e por tudo que passamos nas nossas viagens. Ações negras silenciadas naquelas ladeiras suadas e cansadas dos anos de maus tratos. ladeiras qeu viram vidas nascerem e morrerem, ladeiras que passaram a ser nova morada, nova patria não amada e imposta.
Belíssima!!" (Bruna Rafaella - PJMP - Olinda e Recife)

Ladrilhos Mudos (Luis Adriano Correia)

Dos cantos por onde passei
Canta-se um canto em cada um
Cantam-se vários cantos sem intenção.

Dos ladrilhos nos quais pisei
Pisa-se um piso que é gente, que na recíproca
Pisam sistemas sem medo.

A sonoridade dos cantos
Não expressam as cores dos ladrilhos.
A firmeza dos ladrilhos
Não servem pra segurança dos que os pisam.

Ladeiras ladrilhadas
Canções mudas
Meninos ladrilhados
Ladrilhos Mudos.

Salvador, madrugada de 23 de maio de 2011.

Cenário: Escrito inspirado no emudecimento das gentes, principalmente dos meninos do pelô. Emudecidos, sem voz diante de suas realidades. Pisados como os ladrilhos históricos das ruas do Pelourinho.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Soneto de Estrada, Verso e Canções (Luis Adriano Correia)


É hora de pegar a estrada...
É hora de encontrar caminhos. Criar.
Fugindo, viajando... Tranquilo?

Viajando sob pés e pensamentos
Fugindo de fatos, acontecimentos
Agoniado! Pois tranquilo não fico.
Tua culpa. Sentimentos.

Em versos de estrada e poesia sonora
Sitonizam-se em nós. Pessoas.
Nunca fora tão estampada e escondida
A sonoridade do que nossas rádios transmitem.

Noite de chuva intensa,
Medo caseiro e ribeirinho.
E passa a vida como enxurrada.

Caruaru, 08 de maio de 2011. Frio domingo de outono.