terça-feira, 2 de março de 2010

Codinome Sonhador (Luis Adriano Correia)


Que sorte a minha de ter nascido!
Só de pensar no sufoco que foi ganhar
Dos outros milhões de gametas
Já me sinto desfrutando o cúmulo da sorte.
E assim vem sendo a minha vida,
Como a de quem não nasceu para bastidores,
Como a de quem não quer passar despercebido...
Mas nem sei até que ponto isso é bom sabe!
Acreditem!
Sonhar não compete a seres coadjuvantes
Que vivem a sombra do que virá.
E o que virá?
Se não tenho sonhos,
Responda quem puder o que quiser
Pois qualquer coisa servirá.
Os sonhos são como candeeiros acesos
Mesmo sendo guardados na gaveta da escrivaninha
Não nos deixarão de arder por dentro
Até que tenhamos coragem de deixarmo-nos consumir
Expandindo o fogo dos nossos sonhos mais ousados.
Por isso junto com os trecos que carrego no meu bisaco
Carrego as angustias que trago
Junto a pequenos frascos de profunda emoção
Para que as mesmas sejam embebidas em sentimento
Sentimento que me permite viver com dignidade minhas frustrações
Ajudando-me a garimpar verdadeiras preciosidades
Em meio aos cascalhos das desilusões
Tornando-me assim garimpeiro no território das perdas.
Por pensar assim é que me sinto assim sertanejo
Capaz andar léguas pelas estradas de barro vermelho
Pastoreando as vacas que ainda resistem
Em meio à caatinga em seca
E jamais perde a esperança de que um dia
A chuva virá incessante.
E assim fará tudo brotar novamente
Onde não havia expectativas
Onde não havia esperança
Vem os sonhos como a chuva
E fertiliza o solo do coração da gente.


Ibiratinga, madrugada do dia 28 de fevereiro de 2010.

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