segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Crise Romântica em Tempos Pós modernos


Certa madrugada de verão, estava eu de roupas leves e chinelos nos pés, com os olhos vidrados na tela do notebook e os pensamentos lá onde a fertilidade das relações poderia instigar-me a pensar nas possibilidades que uma era pós moderna poderia apresentar-me diante de tantos frascos de uma mesma essência: O Amor.
Pensava em como uma mesma pessoa poderia viver ao lado de duas pessoas e amá-las intensamente sem supervalorizar qualquer uma delas, por isso hoje me considero profundo admirador de Aline.
Para gerações anteriores, amar significava ter que passar por vários momentos depressivos, de dor, angústia, traição, raiva para que quando se chegasse aos 50 anos de casamento dizer com aquele ar de vitória “Estão vendo o quanto nos amamos”, não quero dizer aqui que devem ser retiradas todas as pedras do caminho para que o amor entre seres desfile num tapete de rosas vermelhas cintilando felicidade, mas digo, não preciso sofrer excessivamente para provar que vivi com uma pessoa, longos e árduos anos esfregando na cara de espectadores hipócritas uma pseudo-felicidade. Prefiro hoje, libertar-me das regras elaboradas pelas felizes donas de casa dos anos 20, e enveredar por um estilo alternativo porém autêntico, no qual eu possa viver o que quero viver, da maneira que quero viver, com as mesmas responsabilidades que são atribuídas aos lindos casais que optam pelo estilo tradicional de amar, sem perder a dignidade conquistada pelo simples fato de ser gente.
Será que se um dia eu optar por ter um filho, terei que trazer junto no pacote um casamento? Será que eu não o amaria, educaria, transmitiria valores morais e éticos dentro de uma perspectiva liberal fundada no direito da escolha? Eu sinceramente gostaria de saber se essa atitude seria encarada com tranqüilidade há alguns anos atrás. Hoje eu posso afirmar com clareza, a palavra amor toma uma dimensão muito mais abrangente do que uma relação conjugal, cuja estrutura segue o modelo da família perfeita.
Acho muito engraçado quando as minhas tias-avós se reúnem (muitas vezes na casa da minha própria avó), e ficam o tempo todo falando das peripécias que elas precisavam passar pra poder pegar na mão ou até mesmo trocar uma palavra com o rapaz que achavam interessante, o mais engraçado ainda é que na mesma época casavam-se adolescentes quase crianças e tinham pra lá de doze filhos. Agradeço imensamente à minha avó que dentre os dezenove que teve durante os seus três casamentos gerou a minha mãe e assim pude ter a chance de escrever essas loucuras que me passam agora.
Hoje temos muitas adolescentes que engravidam por descuido sim, mas temos também em larga escala gente que reflete o relacionamento gente que não sabe nem como paquerar em meio à tantas possibilidades de se conhecer alguém, sem falar na infinitude de sites de relacionamento à espera de cadastros e mais cadastros de gente que quer conhecer gente, daí vem a crítica da geração do “em frente ao portão” dizendo que essa geração vive num mundo que não existe, num mundo virtual, mal sabem eles que dentre todas as pessoas com as quais teclamos (que nem se comparam com o número de pessoas que eles conheceram no portão ou depois da missa na praça da igreja), 50% nós já conhecemos pessoalmente, 40% pretendemos conhecer, e 10% já estão bloqueados porque são chatos. E afirmo ainda que os assuntos são dos mais variados gêneros (desde assuntos de trabalho a tarefas escolares) e não só paquera e promiscuidade estão na lista.
É muito estranho pra você ouvir alguém dizer que está absolutamente apaixonado por alguém que conheceu na internet e nem a conhece pessoalmente ainda? Então a coisa é mais séria do que eu imaginava, amar de maneira platônica a outra pessoa não é uma característica dessa geração, apenas sofreram algumas adaptações ao longo dos anos. Adaptações estas que permitem ser cultivadas boas relações de afeto a pessoas que vivem isoladas do convívio social, todo mundo gosta de uma boa conversa com alguém mesmo que este alguém não esteja em sua frente (o que por muitas vezes facilita o desabafo, ou vai dizer que nunca desabafou?).
Eu diria que devem ser consideradas quaisquer manifestação de afeto, seja como for, de que maneira for, desde que haja responsabilidade em todas as etapas e a participação integral do AMOR.


Prof. Luis Adriano Correia da Silva
Ibiratinga, 13 de novembro de 2009.

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